O comportamento alimentar, apesar de sua aparente banalidade na vida cotidiana, é um fenômeno humano complexo e de importância central.

TRANSTORNO ALIMENTAR

O alimento, tão essencial para nossa sobrevivência, é nosso primeiro contato com o mundo exterior, já pensou sobre isso? Como evitar o transtorno alimentar?

A forma como você lida com a sua alimentação, diz muito sobre você.

Precisamos fazer ESCOLHAS alimentares várias vezes ao dia, e infelizmente pessoas desenvolvem transtornos alimentares por não saberem lidar com as consequências dessas escolhas.

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O comportamento alimentar

O comportamento alimentar, apesar de sua aparente banalidade na vida cotidiana, é um fenômeno humano complexo e de importância central. Conheça algumas dimensões complementares:

1_Dimensão fisiológico-nutritiva.

Relaciona-se a aspectos metabólicos, endócrinos e neuronais, que regulam a demanda e a satisfação das necessidades nutricionais.

2_Dimensão psicodinâmica e afetiva. 

Aqui, a fome e a alimentação vinculam-se à satisfação e ao prazer oral. O prazer alimentar oral tem, segundo a psicanálise, uma conotação nitidamente libidinal.

3_Dimensão relacional. 

No desenvolvimento da criança, a boca é o mediador da primeira relação interpessoal; a relação mãe-bebê. A incorporação oral pode representar simbolicamente diversas coisas:

O amor, a destruição, a conservação no interior do Eu e a apropriação das qualidades do objeto amado, etc. Por exemplo, alimentar seu filho, para a mãe, é muito mais que uma tarefa fisiológica, tem valor emocional especial, podendo exprimir afeto, aplacamento de sentimentos de culpa ou tentativa de “dar amor” que, às vezes, ela se sente incapaz de dar de outra forma.

A conduta alimentar é motivada conscientemente pelas sensações básicas de fome, sede e saciedade. Essas são geradas, controladas e monitoradas por diversas áreas do organismo: o hipotálamo (centro da saciedade) e várias estruturas límbicas e corticais.

Transtornos da alimentação

Anorexia nervosa

A anorexia nervosa caracteriza-se pela perda de peso auto-induzida por abstenção de alimentos que engordam ou por comportamentos como vômitos e/ou purgação auto-induzidos, exercício excessivo e uso de anorexígenos e/ou diuréticos. 

Há uma busca implacável de magreza e o medo intenso e mórbido de parecer ou ficar gorda(o).

Quando a perda de peso é excessiva, ocorrem alterações endócrinas (amenorréia, hipercortisolemia, elevação do hormônio do crescimento e secreção anormal de insulina), metabólicas e eletrolíticas em consequência do grave estado nutricional (OMS, 1993). Caracteristicamente, o peso corporal é mantido em pelo menos 15% abaixo do esperado.

Do ponto de vista psicopatológico, o que é característico da anorexia nervosa é a distorção da imagem corporal; apesar de muito emagrecida, a paciente percebe-se gorda, sente que algumas partes de seu corpo, como o abdômen, as coxas e as nádegas estão “muito gordas”. O pavor de engordar persiste como uma idéia permanente, mesmo estando a paciente com o seu peso bem abaixo do normal.

Não é incomum que a anoréxica apresente episódios de bulimia (comer compulsivo seguido de vômitos e/ou purgação). Ocorre mais comumente em garotas adolescentes e mulheres jovens (mais de 90% dos casos ocorrem no sexo feminino). Muitos casos iniciam-se com dictas, aparentemente inocentes, e evoluem para graves quadros anoréticos. Parece haver prevalência bem maior em sociedades industrializadas, ocidentais, nas quais, especialmente em relação às mulheres, ser atraente está ligado à magreza. 

Outro mecanismo envolvido parece ser a tentativa de controlar os conflitos (na área da sexualidade, relacionamento com os pais, ctc.), por meio do controle do peso e da imagem corporal.

A mortalidade é variável (em torno de 5%) devido a complicações cardiovasculares, hidroeletrolíticas, metabólicas e endocrinológicas.

Atualmente, reconhecem-se dois subtipos de anorexia nervosa: 

  1. o restritivo, no qual a paciente torna-se e permanece anoréxica pela restrição de alimentos, podendo apresentar ou não sintomas obsessivo-compulsivos; e 
  2. o purgativo, no qual, além de evitar ingerir alimentos calóricos, a paciente tem comportamentos ativos de perda de calorias, tais como vômitos auto-induzidos, exercícios excessivos e uso de laxantes.

Bulimia nervosa

A bulimia nervosa (BN) caracteriza-se por preocupação persistente com o comer e um desejo irresistível de comida, sucumbindo a paciente a repetidos episódios de hiperfagia (“ataques” à geladeira, a uma sorveteria, etc.). Caracteriza-se ainda por preocupação excessiva com controle de peso corporal, levando a paciente a tomar medidas extremas, como vômitos, purgação, enemas (evacuação), diuréticos, a fim de mitigar os efeitos do aumento de peso pela ingestão de alimentos.

Ponto de atenção: os indivíduos com bulimia geralmente estão dentro da faixa de peso normal, embora alguns possam apresentar o peso levemente acima ou abaixo dessa faixa. 

O comportamento purgativo pode produzir alterações hidroeletrolíticas (quando a pessoa perde grandes quantidades de líquidos e eletrólitos,). A perda de ácido gástrico por meio dos vômitos pode ocasionar alcalose metabólica, e a frequente indução de diarréia pelo abuso de laxantes pode causar acidose metabólica. O vômito recorrente pode acarretar perda significativa e permanente do esmalte dentário. Da mesma forma que a anorexia nervosa, a bulimia ocorre, em 90% dos casos, entre as mulheres, começando no final da adolescência ou no início da idade adulta.

Os indivíduos com bulimia nervosa tipicamente se envergonham de seus problemas alimentares e procuram ocultar seus sintomas. Há um sentimento de falta de controle.

O comer compulsivo é um quadro próximo ao da bulimia, mas dela se diferencia pela ausência de vômitos e purgações auto-induzidas e por marcante sentimento de culpa ou desconforto após haver comido uma quantidade muito exagerada de alimentos em curto período de tempo.

Obesidade

A obesidade é uma condição complexa, determinada por fatores genéticos, desenvolvimento psicológico, família e cultura.

É mais freqüente em indivíduos de baixo nível socioeconômico, mulheres, sociedades industrializadas e urbanas e culturas nas quais a atividade física não é predominante.

Tem havido um aumento da ordem de 30% no número de indivíduos obesos, tanto em países desenvolvidos como em subdesenvolvidos.

Calcula-se que cerca de 4 a 8% da verba destinada à saúde é gasta com problemas gerados ou associados direta ou indiretamente pela/com a obesidade.

A obesidade tem grande importância médica, pois associa-se a taxas elevadas de:

  • Morbidade. Por exemplo, diabete melito tipo 2, dificuldade no controle da hipertensão, aumento de triglicérides e colesterol, apnéia do sono, hiperandrogenismo, irregularidades menstruais e infertilidade na mulher e diminuição dos níveis C de testosterona nos homens, problemas ortopédicos e dermatológicos, etc.
  • Mortalidade. Ocorre por distúrbios cardiovasculares, respiratórios e endócrinos, assim como pelo risco aumentado de tumores de mama, útero, ovário, próstata, intestino grosso e vias biliares.

Um dos pontos fundamentais da obesidade é a disfunção dos mecanismos de saciedade no obeso. De modo geral, o obeso não come predominantemente de forma precipitada ou voraz; ele come de forma continua enquanto houver comida disponível; ele não é capaz de parar de comer. O obeso é muito sensível a assuntos alimentares e preocupado com a comida, com os diferentes sabores dos alimentos, com a sua disponibilidade e a sua aparência, etc.

PERFIL E PROBLEMAS EMOCIONAIS DO OBESO

Embora haja muita controvérsia sobre se há de fato um perfil constante de personalidade no obeso, classicamente ele foi descrito, do ponto de vista emocional, como imaturo e muito sensível à frustração. 

Seria um indivíduo que recorre à comida como forma de compensação do afeto de que carece é que sente que nunca o recebe de forma adequada. Também se descreve o obeso como alguém que tem sexualidade fortemente reprimida, ou que utiliza a obesidade como defesa contra os impulsos sexuais. 

Outro aspecto recairia na utilização da obesidade como defesa contra a depressão (alguns obesos, ao contrário do esperado, ficam deprimidos após emagrecerem), como busca mágica de força e potência ou como forma de distanciar-se dos outros. Deve ser, entretanto, enfatizado que tais mecanismos, embora encontrados em alguns indivíduos obesos, não podem ser generalizados.

Pessoas obesas comem em excesso quando se sentem mal emocionalmente (mas indivíduos não-obesos também o fazem!). Não é raro o fenômeno de obesos emagrecerem muito quando se apaixonam e encontram um parceiro amado, voltando a engordar quando o perdem. De modo geral, os obesos moderados e graves têm a auto-estima muito baixa; sentem seus corpos feios e repugnantes e acham que as outras pessoas os encaram com desprezo e rejeição.

Um ponto relevante é que os obesos tem dificuldade em diferenciar a fome de sensações desagradáveis, desconforto, ansiedade e disforias de modo geral. Todo mal-estar logo é falsamente percebido como fome.

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Existe tratamento para os Transtornos Alimentares?

Sim, existe. O tratamento é avaliado de forma individualizada, em geral, a indicação é de psicoterapia, podendo ser associada a tratamento medicamentoso, que é prescrito e acompanhado pelo psiquiatra. Dados mostram que o uso exclusivamente de medicamentos psicoativos tende a não resolver e manter alguns sintomas residuais; portanto, o ideal é o tratamento medicamentoso combinado com a psicoterapia, sempre avaliando caso a caso.

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Fonte: Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais -  2a edição - Paulo Dalgalarrondo


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